domingo

UM PAPO QUALQUER

Olá, você aí sentado numa cadeira imunda, ou numa cadeira confortável de uma sala imunda. Imunda de pó e bactérias, ou imunda de seres humanos e vermes sociais. Aos que não agüentam mais a chefe, o marido, a mãe, o filho, a vida, ou a morte próxima. Todos vocês, você que está em casa à tarde, no trabalho à noite, na boate de manhã.. Quero ser abrangente nessa conversa corriqueira, nesse papo descontraído, nessa crônica, enfim...
Vamos lá, me ajudem! Larguem a caneta, esqueçam o telefone, fechem a agenda, ponham os óculos. Eu só peço alguns minutos de sua preciosa desatenção.
Vamos relaxar, respirar fundo, e aproveitar o texto. O detalhe é relaxar antes de ler, porque não se sabe a reação que advirá da sensação criada pela leitura e conseqüente reverberação emocional em forma de catarse negativa ou positiva, ou mesmo revolta pelas ausências, que- ufa!- este texto produzirá em seu íntimo.
O texto aumenta de tamanho gradativamente, e você começa a se irritar com a falta de assunto, pensando no tempo que perdeu com essa crônica. Eu compreendo seu problema, e como bom escritor, prometo analisar tal falha e logo saná-la, cumpridas as exigências de praxe.
(A etimologia de bom nesse caso advém de “bondade”, “benevolência”, se bem que ficaria grato com os outros sentidos. Mas, como prometi ser breve, cumprirei minha palavra após as exigências de práxis. Além disso, se eu mentir, em quem mais você confiará? “Um escritor que eu nem conhecia mentiu; o que dizer do meu namorado??!")
Parece-me aqui haver um monólogo tirânico, em forma de um papo qualquer, pois eu escolho unilateralmente o assunto e seu desenrolar. Você lê e opina; paga seus impostos e neles me garante o ganha-pão (nada mais do que iluminação residencial, água encanada e potável, segurança pública e anarquia privada). Porém sou eu quem escolhe o assunto. Melhor assim, podemos evitar “discussões” futuras. Trata-se da licença poético-cronística!
Vamos falar de atualidades. Vejamos: corrupção institucional? Perda da individualidade? Conservadorismo crescente? Guerras? Desemprego? Hedonismo? Nenhuma verdadeira atualidade até aqui...Alguma sugestão?
Eu tenho uma sugestão. Vamos conversar sobre “as tendências do metrossexualismo após as Olimpíadas de 2008”! Grande tema, esse dos metrossexuais: complexos e banais. E não são picaretas...
Mas “papo” sugere algo informal, corriqueiro...a primeira associação de “papo” é com bar, então vamos mantê-la. Daí, a tradição manda uma cerveja. Promessa é dívida. Vamos falar de Cerveja.
No caso, hoje é domingo, e farei uma pesquisa de campo. Volto amanhã.
Ode Aleatos.