segunda-feira

Resenha: Blues em formato Blu-Ray

Ouço sons retilíneos com alguma indiscrição. Deve ser a guitarra. Sempre é a guitarra.
Quero lembrar: a indiscrição é pessoal, efeito da experiência audio-visual. Parece aquela cena de uma praia de ultra-sódio no Mar de Plástico. Logo ali ao lado.
Não á mais audio-visual. MP3, MP4, tudo pequeno, e muito físico.
Essas coisas como a nóia do pegar, do toque, papo de psicólogo zombeteiro. Não mais.
A revolução apocalíptica, fase trêis, encerrou a extravagância do físico, num nível multi-dimensional. Chamaram de Blu-Ray, se bem que na Holanda alguns expandiram para outros espectros, gravação azul-violeta-salmão. Vermelho não, muito latino-americano.
Abandono a poesia. Resenha é coisa seria, é coisa de jornal.
O disco é bom, já foi baixado e rebaixado. Valoriza-se o que se baixa. Som baixo. Melancolia das margens do Katrina.
Ah, o disco é bom. Blues, cara, junkie-pop, whisky-trip, beat-funky-creepy. Sei lá. Não há mais prazer em tocar, em sentir. Sentir o quê? Dos 11 ao 57 o orgasmo é garantido, exceto exxxceções. Não preciso sentir mais nada. Esquece, esquece.
Bem, o disco é bom. Blues, fórmula azeitada num produto qualificado. Repetição, zen zen, refrão, acorde, negão. Blu-Ray só melhora o aspecto, a imagem, ressalta a malandragem.
Chega de poesia. Perco o emprego, faltará pecúnia pra comprar blues.
Blues se compra?

1 Comments:

At 5:38 da tarde, Blogger Psique said...

Mais binômios e sintagmas nesse post ótimos!!!

 

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