segunda-feira

ROLLING STONES E A VINGANÇA DO ROCK

Olá! Voltei!
Pensei várias vezes antes de escrever sobre o show dos Stones no Rio, por causa da parcialidade que será inevitável da minha parte. Afinal, ninguém gosta de ver um fã babão expurgando seus demônios em literatura online...E eu babei bastante ao som da fúria elementar do blues rock, o som infernal da energia adolescente que nos move rumo à alegria irracional-encantada.
Mas enfim, alguns detalhes merecem destaque aqui; o primeiro deles, VIP´s!
Presenciei o mais sincero terror estampado nos olhos das celebridades da política e da Globo, com suas camisetas pretas da Claro, em relação aos dois milhões de descamisados, enquanto eram escoltados pela rua à sua gaiola de marfim. Bela gaiola, uma gigantesca área para convidados com direito a crepe, sorvetes Hageen-Dragen, cocacolalightcomgeloelimão, vodkacomredbull, bundas e brazilian girls. A TV se confunde com o poder político na República-dos-Bananas-Brazil, e gostaria muito de saber qual seria o papo entre ACM Neto e Arnaldo Antunes, ambas celebridades presentes. Enquanto do lado de fora dois milhões de pessoas, incluíndo os próprios contribuintes cariocas que deram o dinheiro necessário para a Prefeitura trazer os Stones ao Rio, se espremiam de forma levemente tensa.
Dentro da área VIP, ou faixa de Gaza, ao som dos velhos clássicos ébrios e pueris, as celebridades posavam para fotos e batiam palmas sentadas, bocejando ou bulinando-se como sempre. No aperto extra-gaiola, as pessoas pulavam descontroladas pela energia primitiva do rock , gerando apenas 3 facadas "não registradas" pela Polícia, um verdadeiro milagre!
Os meros mortais saíram felizes no fim do show, ou dormiam bêbados na areia, livres e realizados, sem mortes ou pisoteamentos, afinal, os humildes aproveitaram literalmente o calor do rock. Nada de Altamond dessa vez.. As celebridades escoltadas, com o peso da opressão social nas costas, saíram com logística militar da multidão.
Todos tiveram a sensação de que o momento fora histórico. A terra do samba reverenciou o rock logo antes do Carnaval.
Eis a vingança do rock, contra a opressão do carnaval.
Carnaval e elites, um grande tema sócio-político que não me atrevo a explorar muito, mas deixo aqui registrado:
"assim que deres as costas, a bunda branca que rebola flácida balançará teu bolso"
E seguimos enebriados pelo evento bacanal.
Ainda bem que existem os Stones.