segunda-feira

Dia Mundial sem Carro

Piada!
Uma piada multi-facetada, multi-direcionada, e com diversos atores.
Escolha a sua versão:
1- um dia de políticas ambientais, versus todo um ano de falta de oferta adequada de transporte público, e vista grossa contra as emissões de gases dos veículos;
2- sábado é sábado e eu não posso chegar tarde à feijoada;
3- esse evento foi inventado na França cuja extensão é ridícula se comparada à do Brasil;
4- quê?
5- bicicleta é coisa de marginal;
A maioria escolheu os números 1 e 3, suponho.
Eu fico com o número 666. Afinal, a maioria das pessoas acha que o problema e a solução não tem nada a ver com elas. Ou acha que aquecimento global só existe naquele filme do Al Gore.

quinta-feira

Caso Renan

Calculo que a esta hora centenas de veículos de comunicação estão publicando sua indignação e revolta quanto à absolvição do Ilmo. Sr. Dr. Presidente do Senado Federal da República Federativa Apostólica-romana do Brasil, sr. Renan Calheiros. Gritos de fúria, lamentação, vergonha, inquietação estão aos montes por aí.
Por isso decidi inovar um pouco na discussão. Seguindo as orientações do Sr. Presidente Lula, o qual afirmou ontem ser a absolvição de Renan "assunto interno do Senado", começarei a encarar as instituições públicas brasileiras como instituições afetivas, e qualquer nova polêmica ou discussão eu encararei como briga de marido e mulher. Não me meto, não arrico minha colher.
Quem sabe assim eu faço as pazes com as autoridades, e passo a tratá-las como trato aquela minha tia divorciada à procura dos rapazinhos de 20 anos.

segunda-feira

Sete de Setembro

Semana passada circulou uma corrente de email sugerindo um panelaço às 17h do dia 07 de setembro, em protesto ao aumento do número de pizzas nas refeições do governo.
No horário combinado, não houve panelaço, apenas 30 mil pessoas no desfile de tanques em São Paulo, e outras milhares no resto do país. Era um dia de sol, ficamos com preguiça de fazer barulho. E a maioria dos brasileiros estava nas praias ou no campo, seguindo a trilogia churrasco-cerveja-bunda em todo canto desta terra abençoada por Deus e o diabo.
O que houve então? Ficamos com o orgulho ferido em importar a idéia argentina? Ou o aquecimento global de inverno nos dopou ainda mais do que o habitual?
Acho que na verdade a esperança é para os tolos. Cada um com o seu ópio.

morbidez pop

Esqueçam Dostoievsky e Nietzche, agora o melhor retrato da condição humana está na Funexpo, feira de artigos funerários que está ocorrendo em São Paulo nesse momento.
Seguindo a tendência do jornalismo sucinto, vou citar apenas alguns trechos auto explicativos, publicados na FOLHA de hoje:
"O que eu mais gosto é de ver caixões", diz Bruna, 14, de família de dona de funerária em Jacareí (SP). "Ela adora mesmo", confirma a tia, "especialmente este da Barbie"(...)
Para atrair clientela, o estande sorteou três caixões infantis de design arredondado e pintura de anjinho e estrelinhas, criado para tentar amenizar, no que for possível, o choque do formato tradicional (...)
Como em qualquer feira de negócios, existe disputa para chamar a atenção. Uma empresa contratou dançarinos de axé (...)"
A arte imita a vida, a vida imita a arte, e eu imito aquele cara daquele filme da minha infância que na verdade vivia na sargeta.
E assim caminha arrastada a humanidade.