quinta-feira

A Coréia do Norte e a lógica dos ditadores mimados

Pois é, gente, estamos pela décima-terceira vez nessa década com um alerta de guerra nuclear. Parece que nesses tempos atuais isso é cada vez mais banal. Emoções à vista.
A bola da vez é novamente a Coréia do Norte, filho bastardo dos bastardos de lá e da cá, mais um refugo da Guerra Fria, e vivência didática de paradoxos econômico-sociais.
À sua frente, o ditador Pyongyang, o nosso astro do post. Boa tarde, prezado ditador.
Permita-nos nossa bloganálise, nada geopolítica, sobre a crise nuclear. Enfoque lecospirístico.
Estamos no ano de 2009, vulga época de transição, mudança, de afirmação de conquistas mundiais e busca de novos patamares. Uma dessas conquistas mundiais é um ideal de civilização justa, igualitária, humana; nesse pacote vem o acordo de restrição de armas nucleares, um avanço de civilidade.
Enquanto que a ONU e a estrutura vigente estão sendo reformuladas e fortalecidas, certas nações ainda atuam com a lógica anterior à criação da ONU, sob a égide da ameça inconsequente, da queda de braço, do duelo de faroeste.
A Coréia do Norte ignora os reais instrumentos de negociação, e bate de frente contra um conjunto de nações, com um legítimo calor de tango. Qual a única explicação razoável para arriscar a sua integridade, as suas relações econômicas, o seu povo e o seu sossego?
Uma personalidade inflexível, teimosa, resmungona: Pyongyang.
Como uma criança mimada, o ditador norte-coreano quer ganhar as coisas nos berros, nos gritos e nos choros de urânio. Se reclamam, ele esperneia. Se chamam sua atenção, ele ignora e continua jogando seu videogame (nuclear).
No mais belo estilo The Nanny, a Coréia do Norte vai na (pré)contramão das relações mundiais, chamando a atenção da comunidade mundial com atos maleducados e peraltas.
No pacote de soluções, será necessária a Pedagogia Waldorf para a ONU resolver o dilema.
E nós, pobres espectadores das traquinices de Pyongyang, devemos ignorar seus feitos, para ele não ter a atenção tão desejada?
Apesar das dimensões, é apenas um caso de uma criança mimada. Pena que seus brinquedinhos são um pouco perigosos...

terça-feira

3 anos de Maio Sangrento

"O Brasil é um país hospitaleiro. Suas terras são verdes, seu mar azul, o sol aponta no horizonte quase o ano todo. Nossas praias são lindas, nossas mulheres deslumbrantes, nosso povo alegre e hospitaleiro. No Brasil não há terremotos, maremotos, furacões. O Brasil é um país pacífico, aqui não há guerras civis ou raciais, e repudiamos o terrorismo."
Alguém se lembra dessas palavras? Todos ouvimos isso quando crianças. Todos divulgamos isso quando adolescentes. É a cartilha ideal para turistas.
Pois é, o Brasil não é mais assim. Talvez nunca tenha sido.
Hoje vemos tempestades tropicais em Florianópolis, tremores de terra em Mato Grosso, secas e inundações no interior do país. E, claro, mulheres esteticamente prejudicadas no Largo da Batata/SP.
E também vemos guerra civil e terrorismo.
Em 2006, houve uma onda de atentados pelo PCC, com direito a toque de recolher, churrasquinho de ônibus, e cotidiano palestino. Criou pânico na população, desnudou a inépcia governamental, justificou uma reação butal da polícia, e deixou um gosto amargo no inconsciente coletivo. Foi o chamado "maio sangrento".
Eu vivi intensamente aqueles dias negros. Caí nos boatos, reencontrei meu selvagem da caverna. Um belo dia de fúria e paranóia.
E o que levamos disso?
O mais completo retrato do caos social, da crise humana, do pós-modernismo.
A falácia brasileira.